sábado, 15 de outubro de 2011

MOVIECO lança jornal ECONOTÍCIAS


O Movieco lança a primeira edição de seu jornal. o EcoNoticias será mais um canal de interlocução com todos os seguimentos da sociedade preocupados com os desafios ambientais deste século.

Ele pode ser baixado no link: http://movieco.org.br/downloads/EcoNoticias.pdf

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CURSO "CARTA DA TERRA"

O Movieco - Movimento Ecológico, Organização Não Governamental situada na cidade de Barueri, oferece o curso "CARTA DA TERRA E EDUCAÇÃO".

O curso visa a introduzir os educadores no Marco Ético para a transformação do século XXI num tempo equilibrado em termos justiça social e econômica, integridade ecológica, democracia e cultura da paz; de modo que se aprenda a trabalhar os princípios da Carta da Terra com educandos da Educação Infantil à Pós-graduação.

O curso realizar-se-á nos dias 03, 10, 17, 24 e 31 de outubro - sempre nas 2as.-feiras, das 19 às 22h30, na sede do Movieco, à Rua Dr. Danton Vampret, 128 - Aldeia de Barueri - Barueri - SP.

O investimento para participação do curso será de R$ 100,00 (cem reais) à vista ou duas parcelas (cheques) de R$ 60,00 (sessenta reais, cada) e será emitido certificado de participação.*

*A realização do curso estará sujeita à formação de turma com, no mínimo, 20 participantes.

Inscreva-se enviando um e-mail com seu nome completo, idade, endereço completo (com cep), telefone fixo e celular para movieco.cursos@gmail.com.

NOVO ENDEREÇO

O MOVIECO está em novo endereço. Anote:

Rua Dr. Danton Vampret, 128
Aldeia de Barueri - Barueri - SP

Venha conhecer nossa nova sede!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Reflexões sobre os paradoxos


Já foi dito isso, mas temos que concordar: vivemos o tempo do paradoxo.
Ter carro contribui para a poluição, mas usar transporte coletivo é quase um martírio.
Comidas orgânicas são saudáveis, mas agridem o bolso.
A internet nos aproxima, mas nos deixa mais distante. Foi-se o tempo em que seu telefone tocava o dia todo no seu aniversário.
As pessoas têm acesso a mais informações, mas com a ótica do capitalismo. E além disso, estudos apontam que a maioria se interessa ou não pela informação nos 6 primeiros segundos. Superficial demais.
Muita gente preocupa-se com causas sociais, ambientais, mas parece que as famílias estão se distanciando e o diálogo se tornando raro.
Empresários honestos são considerados tolos, imaturos ou até incompetentes.
Tomar decisões está deixando as pessoas doentes. Trabalhar em excesso também.
Olhando para este cenário, parece que estamos em um beco sem saída, mas não. A solução é na realidade MUITO mais simples do que pode parecer: precisamos compreender que somos parte de um todo. Ok, ok! Mais uma frase clichê. Mas de que outro modo podemos dizer? Se você vive em uma casa de zinco, seu corpo sentirá o calor. Do mesmo modo, se vivemos em um planeta desequilibrado, todos os seres viventes sentirão. Os animais selvagens vêm demonstrando alteração de comportamento já há décadas, embora intensificado nos últimos 10 anos. Porque somente nós não sofreríamos do mesmo mal? A diferença entre eles e nós neste ponto é que eles perdem a rota de caminho para acasalamento, e nós perdemos a rota de nossas vidas.
Precisamos passar mais tempo olhando para nós mesmos, porém de forma altruísta. Reconhecer nossas dificuldades e trabalhar pacientemente cada uma delas, entender nosso corpo e analisar as reações dele, dedicar mais tempo aos nossos amores e atividades que nos dão prazer, e contribuir para a harmonia do planeta depois de conquistar nossa própria.
Dinheiro é importante. Quem não tem compreende isso ainda melhor. Mas não pode ser tudo. Trabalho - por mais prazeroso que seja - não pode ser a única razão de nossas existências. O mercado é competitivo porque nós o fizemos assim. Os carros são poluentes e o transporte público é ineficiente porque nós permitimos. Nós somos responsáveis por nosso destino. Como diria uma frase indiana muito utilizada por nossos colegas do Instituto Triângulo: "A mudança que você quer fora começa dentro".
...
Tenham um ótimo e reflexivo final de semana.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

MINIMIZE SEU IMPACTO SOBRE O PLANETA

Nossa sobrevivência gera naturalmente um certo impacto ambiental. A importância de tal impacto é considerada a partir da forma com que consumimos e da relação que estabelecemos com nosso meio. Por exemplo: precisamos de água para beber, tomar banho, cozinhar nossos alimentos... Mas o desperdício desse bem precioso tem alertado especialistas de todo o planeta.
Por isso preparamos uma lista de pequenas atitudes que podem contribuir para minimizar o prejuízo social e ambiental que podemos causar:

ÁGUA
*Lave toda a louça antes de enxaguá-la. Assim o consumo será muito menor.
*Utilize a máquina de lavar roupas somente com capacidade máxima, ou seja: evite lavar poucas peças. Se morar em casa, reaproveite a água para lavar o quintal. Pode dar um pouco de trabalho, porém, mais trabalho teremos se acabarmos com nossas reservas de água limpa.
*Não exagere no uso detergentes e prefira sabão em pedra. Os detergentes e sabões líquidos e em pó (mesmo biodegradáveis) contém diversos produtos químicos altamente poluentes.
*Não jogue medicamentos na rede de esgoto. Eles contém produtos capazes de contaminar milhões de litros de água.
*Evite frituras na alimentação. Além de prejudiciais à saúde, 1 único litro de óleo de cozinha pode contaminar milhares de litros d'água. Faça o descarte adequado, doando para quem produza sabão a partir dele. Jamais jogue-o na rede de esgoto.
*Use vassouras antes de lavar os quintais, e evite uso de mangueiras, optando pelo balde.
*Urine no chuveiro. Não é anti-higiênico e economiza água da descarga.
*Se puder, prefira alimentos orgânicos. Os agrotóxicos poluem os lençois freáticos, e fazem mal ao organismo.
*Feche a torneira ao escovar os dentes, esfregar as mãos, ao lavar o corpo no banho.

ALIMENTOS

*Prefira alimentos orgânicos e naturais. Além de maior qualidade, normalmente os produtores trabalham também com condições mais dignas para os trabalhadores. Além disso, não contaminam a terra, a água, e principalmente seu corpo. No Brasil, existem agrotóxicos aprovados pelo Ministério da Agricultura que já foram proibidos em todo o mundo devido ao perigo à saúde e ao meio!
*Não compre mais alimentos do que precisa. Fará diferença também em seu bolso.
*Reaproveite as sobras de comida batendo no liquidificador e fazendo massa para tortas ou bolinhos que podem ser assados.
*Evite o consumo de carne. Para termos apenas 1K, são necessários de 20 a 30 mil litros dágua, o que daria para produzir até 200K de trigo. Além disso, o espaço físico que a produção pecuária necessita é imenso. Para se ter ideia em 1 hectare é possível produzir 180K de carne ou 22 toneladas de batatas!
*Não compre alimentos em bandejas de isopor, ou em papel filme. O Brasil possui tecnologia para reciclagem desses produtos, mas infelizmente em pequena escala. O isopor ocupa grandes espaços nos aterros, e a maior não é reciclado.
*Não consuma alimentos embalados em plástico a vácuo, ou congelados como lasanhas, sanduíches, etc. Esse tipo de plástico não se recicla.
*Coma a maior quantidade possível de alimentos crus (verduras, legumes, frutas...). São mais saudáveis e dispensam o uso de gás, água ou energia elétrica para o preparo.
*Cultive uma horta. Mesmo em um apartamento é possível manter uma pequena plantação de ervas como salsinha, cebolinha. Você terá sempre produtos frescos e saudáveis, e o cultivo é muito simples.

ENERGIA

*Desligue a tela de computador quando não estiver usando.
*Após carregar qualquer tipo de bateria, retire o carregador da tomada. Do contrário, continuará consumindo energia.
*Prefira lâmpadas fluorescentes. Elas são mais caras, porém, duram mais tempo, iluminam melhor e consomem menos energia.
*Utilize somente pilhas recarregáveis. Também custam mais caro, mas duram muitos anos e geram bem menos impacto.
*Quando sair de um cômodo, apague a luz.
*Não deixe as luzes do lado de fora da casa acesas. Isso não garante segurança, e afeta sua conta bancária.
*Tome banhos curtos e desligue o chuveiro ao se ensaboar. Um banho com chuveiro aberto por 15 minutos consome em média 135L de água. Já 5 minutos com o registro fechado, consome 15L.
*Verifique o grau de consumo de eletro-eletrônicos antes de comprá-los. Existe uma tabelinha que vai de A a E, e indica o grau de economia do produto. Informe-se com o vendedor.
*Evite deixar aparelhos em modo de espera. O consumo também é bastante elevado, quase a mesma coisa de mantê-los ligados.

CONSUMO E DESCARTE

*Ao comprar algo, lembre-se que para a produção do mesmo, muita coisa foi envolvida: a retirada da matéria-prima (petróleo, madeira, metais...), o transporte, a manufatura (o que envolve funcionários e condições de trabalho), descarte de resíduos durante o processo, embalagem, etc. Pergunte-se diversas vezes: "Isso é realmente necessário?"
*Verifique quem é o fabricante, e informe-se sobre ele. Há muitas empresas gigantes, cujas marcas todos conhecemos, que ainda hoje tem trabalhadores semi-escravos, são grandes poluidores, ou utilizam mão-de-obra infantil. No mais, há empresas que não respeitam os direitos dos trabalhadores, culturas regionais, etc. Não consuma dessas empresas.
*Exija que os fabricantes façam logística-reversa, ou seja, que aceitem reaproveitar ou reciclar suas embalagens.
*Separe os resíduos orgânicos dos recicláveis. Não é necessário separar plástico de alumínio, etc. Na maioria do país tudo vai para o mesmo local, e a separação é feita na cooperativa. No entanto, lave as embalagens - com água de reuso!
*Lembre-se: caixinhas de leite e outros produtos com embalagem Tetrapak são recicláveis.
*Ao construir ou reformar, escolha técnicas e produtos sustentáveis. A construção civil é um dos maiores vilões da atualidade, mas você pode mudar este quadro. Informe-se!
*Incentive os comerciantes do seu bairro, comprando deles. O comércio local é muito importante para manter a cidade e a cultura de um local vivos. Além disso, gera renda e trabalho para moradores da comunidade.
*Dê carona e utiliza transporte público sempre que possível. Ande mais de bicicleta e a pé.
*Não fume.
*Incentive empresas com responsabilidade socioambiental.
*Cuidado com comércio popular. Produtos muito baratos geralmente não tem fiscalização, podem conter produtos nocivos à saúde, ou serem fruto de exploração humana e ambiental.
*Não se deixe manipular por propagandas.
*Não compre produtos piratas.

Acima de tudo, respeite seu semelhante. O bom convívio social, a responsabilidade para com o outro, a compreensão e boa educação são matérias de extrema importância em uma sociedade. Respeitar a vida, seja humana ou animal é exemplo de dignidade, e deve ser uma prática constante. Vigie seus pensamentos, controle seus impulsos, e acima de tudo: reflita, sempre!

Bom final de semana!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Carta do Cacique Mutua a todos os povos da Terra


Carta do Cacique Mutua a todos os povos da Terra
O Sol me acordou dançando no meu rosto. Pela manhã, atravessou a palha da oca e brincou com meus olhos sonolentos. O irmão Vento, mensageiro do Grande Espírito, soprou meu nome, fazendo tremer as folhas das plantas lá fora.

Índios do Xingu.
Eu sou Mutua, cacique da aldeia dos Xavantes. Na nossa língua, Xingu quer dizer “água boa”, “água limpa”. É o nome do nosso rio sagrado.
Como guiso da serpente, o Vento anunciou perigo. Meu coração pesou como jaca madura, a garganta pediu saliva. Eu ouvi. O Grande Espírito da floresta estava bravo.
Xingu banha toda a floresta com a água da vida. Ele traz alegria e sorriso no rosto dos curumins da aldeia. Xingu traz alimento para nossa tribo.
Mas hoje nosso povo está triste. Xingu recebeu sentença de morte. Os caciques dos homens brancos vão matar nosso rio.
O lamento do Vento diz que logo vem uma tal de usina para nossa terra. O nome dela é Belo Monte. No vilarejo de Altamira, vão construir a barragem. Vão tirar um monte de terra, mais do que fizeram lá longe, no canal do Panamá.
Enquanto inundam a floresta de um lado, prendem a água de outro. Xingu vai correr mais devagar. A floresta vai secar em volta. Os animais vão morrer. Vai diminuir a desova dos peixes. E se sobrar vida, ficará triste como o índio.
Como uma grande serpente prateada, Xingu desliza pelo Pará e Mato Grosso, refrescando toda a floresta. Xingu vai longe… desembocar no Rio Amazonas e alimentar outros povos distantes.
Se o rio morre, a gente também morre, os animais, a floresta, a roça, o peixe… tudo morre. Aprendi isso com meu pai, o grande cacique Aritana, que me ensinou como fincar o peixe na água, usando a flecha, para servir nosso alimento.
Se Xingu morre, o curumim do futuro dormirá para sempre no passado, levando o canto da sabedoria do nosso povo para o fundo das águas de sangue.
Hoje pela manhã, o Vento me levou para a floresta. O Espírito do Vento é apressado, tem de correr mundo, soprar o saber da alma da Natureza nos ouvidos dos outros pajés. Mas o homem branco está surdo e há muito tempo não ouve mais o Vento.
Eu falei com a Floresta, com o Vento, com o Céu e com o Xingu. Entendo a língua da arara, da onça, do macaco, do tamanduá, da anta e do tatu. O Sol, a Lua e a Terra são sagrados para nós.
Quando um índio nasce, ele se torna parte da Mãe Natureza. Nossos antepassados, muitos que partiram pela mão do homem branco, são sagrados para o meu povo.
É verdade que, depois que homem branco chegou, o homem vermelho nunca mais foi o mesmo. Ele trouxe o espírito da doença, a gripe que matou nosso povo. E o espírito da ganância que roubou nossas árvores e matou nossos bichos. No passado, já fomos milhões. Hoje, somos somente cinco mil índios à beira do Xingu, não sei por quanto tempo.
Na roça, ainda conseguimos plantar a mandioca, que é nosso principal alimento, junto com o peixe. Com ela, a gente faz o beiju. Conta a história que Mandioca nasceu do corpo branco de uma linda indiazinha, enterrada numa oca, por causa das lágrimas de saudades dos seus pais caídas na terra que a guardava.
O Sol me acordou dançando no meu rosto. E o Vento trouxe o clamor do rio que está bravo. Sou corajoso guerreiro, não temo nada.
Caminharei sobre jacarés, enfrentarei o abraço de morte da jiboia e as garras terríveis da suçuarana. Por cima de todas as coisas pularei, se quiserem me segurar. Os espíritos têm sentimentos e não gostam de muito esperar.
Eu aprendi desde pequeno a falar com o Grande Espírito da floresta. Foi num dia de chuva, quando corria sozinho dentro da mata, e senti cócegas nos pés quando pisei as sementes de castanha do chão. O meu arco e flecha seguiam a caça, enquanto eu mesmo era caçado pelas sombras dos seres mágicos da floresta.
O espírito do Gavião Real agora aparece rodopiando com suas grandes asas no céu.
Com um grito agudo perguntou:
– Quem foi o primeiro a ferir o corpo de Xingu?
Meu coração apertado como a polpa do pequi não tem coragem de dizer que foi o representante do reino dos homens.
O espírito do Gavião Real diz que se a artéria do Xingu for rompida por causa da barragem, a ira do rio se espalhará por toda a terra como sangue – e seu cheiro será o da morte.
O Sol me acordou brincando no meu rosto. O dia se abriu e me perguntou da vida do rio. Se matarem o Xingu, todos veremos o alimento virar areia.
A ave de cabeça majestosa me atraiu para a reunião dos espíritos sagrados na floresta. Pisando as folhas velhas do chão com cuidado, pois a terra está grávida, segui a trilha do rio Xingu. Lembrei que, antes, a gente ia para a cidade e no caminho eu só via árvores.
Agora, o madeireiro e o fazendeiro espremeram o índio perto do rio com o cultivo de pastos para boi e plantações mergulhadas no veneno. A terra está estragada. Depois de matar a nossa floresta, nossos animais, sujar nossos rios e derrubar nossas árvores, querem matar Xingu.
O Sol me acordou brincando no meu rosto. E no caminho do rio passei pela Grande Árvore e uma seiva vermelha deslizava pelo seu nódulo.
– Quem arrancou a pele da nossa mãe? – gemeu a velha senhora num sentimento profundo de dor.
As palavras faltaram na minha boca. Não tinha como explicar o mal que trarão à terra.
– Leve a nossa voz para os quatro cantos do mundo – clamou – O Vento ligeiro soprará até as conchas dos ouvidos amigos – ventilou por último, usando a língua antiga, enquanto as folhas no alto se debatiam.
Nosso povo tentou gritar contra os negócios dos homens. Levamos nossa gente para falar com cacique dos brancos. Nossos caciques do Xingu viajaram preocupados e revoltados para Brasília. Eu estava lá, e vi tudo acontecer.
Os caciques caraíbas se escondem. Não querem olhar direto nos nossos olhos. Eles dizem que nos consultaram, mas ninguém foi ouvido.
O homem branco devia saber que nada cresce se não prestar reverência à vida e à natureza. Tudo que acontecer aqui vai voar com o Vento que não tem fronteiras. Recairá um dia em calor e sofrimento para outros povos distantes do mundo.
O tempo da verdade chegou e existe missão em cada estrela que brilha nas ondas do Rio Xingu. Pronta para desvendar seus mistérios, tanto no mundo dos homens como na natureza.
Eu sou o cacique Mutua e esta é minha palavra! Esta é minha dança! E este é o meu canto!
“Porta-voz da nossa tradição, vamos nos fortalecer. Casa de Rezas, vamos nos fortalecer. Bicho-Espírito, vamos nos fortalecer. Maracá, vamos nos fortalecer. Vento, vamos nos fortalecer. Terra, vamos nos fortalecer.”
Rio Xingu! Vamos nos fortalecer!
Leve minha mensagem nas suas ondas para todo o mundo: a terra é fonte de toda vida, mas precisa de todos nós para dar vida e fazer tudo crescer.
Quando você avistar um reflexo mais brilhante nas águas de um rio, lago ou mar, é a mensagem de lamento do Xingu clamando por viver.
* Mônica Martins é jornalista e criadora da personagem fictícia Cacique Mutua.
(O Autor)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

CARTA DE RECOMENDAÇÕES C-40 – POLUIÇÃO AMBIENTAL


CARTA DE RECOMENDAÇÕES C-40 – POLUIÇÃO AMBIENTAL
A poluição atmosférica urbana provoca cerca de 1,2 milhões de mortes todos os anos. (WHO, 2009).Estimativas globais atribuem aos efeitos da poluição do ar cerca de 3% dos óbitos por doenças cardiopulmonares, 5% dos cânceres de pulmão e 3% dos óbitos em crianças até cinco anos de idade (1 a 3% por infecções respiratórias), totalizando 800 mil óbitos prematuros e 6,4 milhões de anos de vida perdidos por morte prematura. (COHEN, 2005; LOPEZ, 2006) . Observa‐se o aumento do risco de mortalidade a cada elevação de 10 mcg/m³ na concentração de material particulado – média de 1% em adultos (0,5% a 1,6%), 1,6% em crianças abaixo de cinco anos (0,34% a 3%) e de 2% em idosos (acima de 65 anos). (POPE, 2004). A poluição atmosférica é responsável por 310.000 mortes prematuras na Europa anualmente, o que leva a um custo entre € 427 e € 790 bilhões. (LOW EMISSIONS ZONES IN EUROPE, 2011). Estima‐se que os níveis atuais de poluição da cidade de São Paulo promovam aproximadamente 4.000 mortes/ano prematuras e uma redução de 1,5 anos de vida, devido a três desfechos: câncer do pulmão e vias aéreas superiores; arritmias e infarto agudo do miocárdio; e bronquite,crônica e asma, com um custo financeiro que, dependendo da métrica, pode variar entre centenas de milhões a mais de um bilhão de dólares por ano. Viver em São Paulo corresponde a fumar quatro cigarros diariamente em virtude das partículas em suspensão no ar. (SALDIVA,2010C). Estudos prospectivos estimam que a exposição por períodos prolongados a níveis elevados de material particulado apresentam risco elevado de óbito, muito superior ao risco em situações de variações agudas. (BROOK, 2010). Estudos na cidade de São Paulo mostram a associação de poluentes com o aumento no número de atendimentos de idosos em pronto‐socorro por doenças respiratórias, (MARTINS, 2002) por arritmia cardíaca (SANTOS, 2008) e doença isquêmica do coração. (LIN, 2003) . A poluição atmosférica tem sido associada à diminuição da função pulmonar, absenteísmo escolar, decréscimo nas taxas do pico do fluxo respiratório em crianças normais e aumento no uso de medicamentos por crianças ou adultos com asma. (MARTINS, 2002). Mesmo entre crianças, adolescentes e idosos, os efeitos dos poluentes podem ser modulados pela condição socioeconômica daqueles que estão expostos. (MARTINS, 2004). Entre as crianças e os adolescentes, o impacto da poluição é maior entre as crianças com menos de 2 anos e entre os adolescentes com mais de 13 anos de idade. (BRAGA, 2001).Estudos demonstram alterações relacionadas à poluição também no período fetal: mortes fetais tardias (PEREIRA, 1998) e diminuição do peso de nascimento. (GOUVEIA, 2004) Após o nascimento, nos primeiros 28 dias de vida, a mortalidade neonatal também é influenciada pelos poluentes. (LIN, 2004). Estudo com controladores de tráfego da Companhia de Engenharia de Tráfego da PMSP apontou alterações da pressão arterial e marcadores inflamatórios sanguíneos em dias mais poluídos. (SANTOS, 2005). Analisando‐se 66 mil mulheres nos EUA expostas à poluição, no período pós‐menopausa, observou‐se aumento de 24% de risco para qualquer evento e aumento de 76% de risco de morte por evento cardiovascular. (MILLER, 2007). Os únicos estudos de exposição a longo prazo ao sulfato e mortalidade são provenientes dos EUA. O mais extenso é baseado no Câncer Prevention Study II (CPS II) da American Cancer Society. Os investigadores deste estudo, que incluiu mais de 500.000 participantes, relataram um aumento da mortalidade por todas as causas naturais, doenças cardiopulmonares e cardiovasculares, e câncer de pulmão, associada à exposição a longo prazo. O estudo Harvard Six‐Cities apresentou resultados semelhantes. (DOCKERY, 1993, SMITH, 2009)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Yoga pela Paz marca a abertura da III Semana do Meio Ambiente



III SEMANA DO MEIO AMBIENTE em BARUERIPor uma cultura sustentável

Pelo terceiro ano consecutivo, o Movieco, com apoio da prefeitura de Barueri, promoverá em sua sede uma série de atividades para comemorar a Semana do Meio Ambiente. Os eventos começaram hoje, 6 de Junho, se estendendo até o dia 11. Hoje a atividade foi a prática de ásanas e meditação no Yoga pela Paz no Planeta.A participação é gratuita e aberta para todas as idades.
Nos anos anteriores, o evento contou com a participação de centenas de pessoas. Entre elas lideranças indígenas, grupos teatrais, educadores e ativistas de diversas regiões.
A Mostra de Cinema Ambiental, tradicional parte da programação da semana, estará em sua terceira edição. Além disso, esse ano os encontros preveem um ciclo de palestras com temas como yoga e filosofia ayurveda. Para o encerramento a organização promoverá Dança Circular como atividade agregadora.
A participação dispensa incrição. Compareça!

Serviço:
III Semana do Meio Ambiente de Barueri
Local: De acordo com o evento – vide programação abaixo.
Data: de 6 de Junho a 11 de Junho de 2011.
Entrada: Gratuita.

Programação:

PALESTRAS

Dia 06 de Junho: Abertura oficial
Local: Movieco - Rua Minas Gerais, 190, Boa Vista.
08h - Yoga pela Paz no Planeta: Práticas de Yoga com ásanas e meditação, dedicados à Paz no Planeta. Professora Alexandra Fogatti, orientadora do curso regular de Eco-Yoga no Movieco, especialista no método Yoga Yangar.

Dia 07 de Junho: Saúde e Natureza
Local: Coordenadoria do Sameb Rua Professor João da Mata e Luz, 262, Centro.

10h - Palestra Acupuntura e Natureza: A Acupuntura é uma ciência milenar chinesa que se baseia no equilíbrio e interação do ser humano com a natureza.
Palestrante: Dr. Josni Ferraz - Fisioterapeuta e Especialista em Acupuntura com aperfeiçoamento em Moxabustão e Tuiná pela Universidade de Beijing.(China).

15h - Palestra Ayurveda e Ecologia: O Ayurveda é um antigo conhecimento de saúde baseado na manutenção do equilíbrio das funções do corpo-mente.
Palestrante: Walfredo Medeiros – Terapeuta, professor de Ayurveda na Humaniversidade, no Instituto Sachcha e pesquisador da cultura indiana. Aprofundou seus conhecimentos em Yoga e Ayurveda na Índia em 2007 e 2009.

III MOSTRA DE CINEMA AMBIENTAL DE BARUERI
Exibição e debate

Dia 8 de Junho
9h – “Filme Deus me livre de Ser normal”: O documentário aborda a normose, teoria do Professor Hermógenes. Retrata experiências de pessoas que mudaram de vida com o Yoga. Dirigido por Marcelo Buainain.

16:30h – “Filme Entre os Rios”: O documentário mostra a escolha do modelo de desenvolvimento para a cidade de São Paulo, o crescimento da indústria automobilística e o destino dos rios que cortavam a cidade. Dirigido por Caio Ferraz.

Dia 09 de Junho
10h - Filme “Manancial”: Apresenta a atuação de lideranças comunitárias em áreas de proteção ambiental da Represa Billings na Grande São Paulo. Dirigido por Caio Ferraz.

Dia 10 de Junho
16:30h - Filme “Hope”: A animação com mensagem de paz, coloca o espectador em uma jornada fascinante através da experiência humana. O filme foi criado por Willy Whitefeather e dirigido por Catherine Margerin.

Dia 11 de Junho: Encerramento da Semana do Meio Ambiente
10h - Dança Circular Pelo Planeta: Quando dançamos juntos formamos uma grande mandala de vida e amor, contribuindo para que se instale a Paz na Terra e o mundo se torne mais sadio e feliz. Com a focalizadora Céline Lorthiois, pedagoga e mestre em psicologia da educação.

Conclusão do curso Carta da Terra – Formação de Ativistas Ecológicos – Turma 4.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O BRASIL DE LUTO POR SUAS FLORESTAS!


quarta-feira, 25 de maio de 2011


O BRASIL DE LUTO POR SUAS FLORESTAS!
Convidamos você para que utilize nesta semana esta fita negra em sua foto no Perfil do Orkut, Facebook, Twitter, para protestar junto com Os Verdes e todos os ativistas ambientalistas que assistiram a morte do Código Florestal Brasileiro e também souberam da notícia do assassinato do ativista Zé das Castanhas no Pará e sua mulher, mortos na manhã de terça 24 de maio de 2011 - Dia da Vergonha Nacional!





Câmara Federal aprova novo Código Florestal
Projeto do deputado Aldo Rebelo recebeu 410 votos favoráveis. O texto final segue agora para aprovação do Senado

O Plenário aprovou, por 410 votos a 63 e 1 abstenção, o texto-base da última versão do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para o projeto de lei do novo Código Florestal, apresentada no último dia 11. Apenas o PSOL e o PV recomendaram voto contrário. O relatório de Rebelo mantém as exigências de Reserva Legal (porção de mata nativa que varia de 20% a 80% da propriedade) e também as faixas de matas que devem ser preservadas ao longo de cursos d'água - as Áreas de Preservação Permanente (APPs) em beiras de rios. Isenta, no entanto, pequenas propriedades, de até 4 módulos fiscais (medida que varia de 20 a 400 hectares), a recuperar a Reserva Legal. Os deputados aprovaram a pôlemica emenda 164 do PMDB acertada na semana passada entre líderes da base e da oposição, com exceção do PV, do PT e do PSOL. A emenda que libera as plantações e pastos feitos em áreas de preservação permanente (APPs) até julho de 2008, foi aprovada pela Câmara, no começo da madrugada desta quarta-feira(25), por 273 votos favoráveis, 182 contrários e 2 abstenções. Na prática ela anistia quem desmatou, o que não é aceito pelo governo. Além disso, a emenda transfere para estados e o Distrito Federal, em conjunto com a União, o direito de também legislar sobre meio ambiente. Antes do início da votação, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Casa, afirmou que o governo é contra a emenda. "O problema não é só conceder aos estados poder para legislar sobre meio ambiente, ela também abre brecha para consolidar todas as áreas desmatadas irregularmente, o que significa anistia para os desmatadores", disse. Vaccarezza declarou ainda que a presidente Dilma deve tentar alterar o texto no Senado, para então voltar à Câmara. E acrescentou que, caso permaneça a anistia geral das multas para quem desmatou e a consolidação das áreas ocupadas em áreas de preservação permanente, o governo vai vetar. À tarde, o deputado Moreira Mendes (PPS-RO), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, reclamou da pressão feita pelo Executivo na votação do novo código. “Parece até que querem transferir o Plenário da Câmara para o Palácio do Planalto”, protestou.
Festa e lamentos
Senadora Kátia Abreu no Plenário da Câmara dos Deputados
As reações à aprovação do projeto de Rebelo iam das celebrações às críticas e previsões pessimistas para o país, dependendo do setor observado. “Foi uma vitória para os produtores, porque não podíamos abrir mão de ainda mais áreas de produção do que já cedemos”, disse à BBC Brasila senadora Katia Abreu (DEM), que é presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A senadora afirmou ainda que o país não poderia aceitar essa situação diante de seu papel crucial de combater a fome mundial e ressaltou que a população já cedeu o bastante, visto que “o Brasil é o único país do mundo que já abriu mão de áreas férteis para preservar o meio ambiente”. Por outro lado, ambientalistas lamentaram a aprovação e o fato de o governo ter cedido em muitos dos pontos em debate.
“O que se faz com esse código é contabilizar o prejuízo, em vez de pensar em um plano nacional para as florestas”, afirmou Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia do Greenpeace. “Esse projeto nasceu da inspiração de ruralistas. Não estou julgando se esse segmento é bom ou ruim, mas e o projeto de apenas um segmento da sociedade.”

'Ciência ignorada'
Já representantes da academia lamentaram a aprovação de um código que, segudo o pesquisador Antonio Donato Nobre, "foi feito pela primeira vez sem a participação da ciência". Nobre, agrônomo e pesquisador do Instituto de Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Instituto nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), foi o relator de um estudo feito por diversos especialistas da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que, segundo ele, foi basicamente ignorado pelos envolvidos na discussão sobre o código. "Foi apenas uma disputa de lobby. O próprio Aldo admitiu que não tem experiência nessa área", disse Nobre. "É um retrocesso muito grante para muitos setores, especialmente para a agricultura." O ponto que desobriga produtores de até quatro módulos a reflorestar é um dos que mais trará prejuízos, na opinião do pesquisador. Segundo ele, o módulo fiscal não tem fundação científica e vai criar confusão na hora de interpretar e empregar a lei.
Perigo
O ambientalista do Greenpeace Paulo Adário também criticou a questão polêmica. “Essa anistia de quatro módulos permite um desmatamento brutal", disse. "E em um país onde o processo democrático é recente, é perigoso criar na sociedade a sensação de que pode anistiar qualquer crime. É como se a Receita Federal dissesse que alguém não precisa pagar IR aquele ano.” Segundo o ambientalista, só a existência do projeto de Rebelo já aumentou o desmatamento em regiões como o sul da Amazônia e Roraima, por causa da perspectiva de impunidade. Ele acredita que "perdeu-se a oportunidade de desenvolver um código à altura do potencial de biodiversidade do Brasil, que tem a maior floresta tropical" do mundo. Já Kátia Abreu, do CNA, disse que se a questão dos quatro módulos e outros pontos do projeto de Rebelo não fossem aprovados se esboçaria um cenário complicado para o país, com o aumento exacerbado dos preços dos alimentos. Ela afirma que uma área um pouco maior à usada hoje para se produzir grãos e um pouco de cana-de-açúcar teria de ser transformada em regiões preservadas. “Não faria sentido ceder essas terras para depois termos de comprar comida de países onde não há nem Código Florestal.”

* Com Agência Câmara, Agência Estado, BBC Brasil e Reuter
iG São Paulo | 24/05/2011 21:16 - Atualizada em 25/05/2011 01:19