quinta-feira, 5 de julho de 2012

A visão social está chegando!

É sempre importante lembrar que é hora de começar a praticar a visão holística sobre a sustentabilidade. A preocupação com a questão social será sempre uma dinâmica diferente do meio em que se está, e se existe o conhecimento de um meio é porque pessoas habitam nele! Questão ambiental e social por Frei Betto* A questão ambiental é também uma questão social. A conclusão é da Royal Society, a mais conceituada academia científica do Reino Unido. Em dois anos de pesquisas ela constatou que não basta falar em preservação ambiental, energias renováveis e desaquecimento global, sem tocar no tendão de Aquiles apontado pelo velho Marx no século 19: a desigualdade social. Os países ricos e emergentes consomem excessivamente bens naturais, como água e energia. E o fazem através de processos extrativos que não levam em conta danos ambientais e efeitos sobre a população local, como é o caso da construção da usina de Belo Monte, no Brasil, ou o uso de energia nuclear mundo afora. Aprendemos na escola que o nosso corpo reflete a composição do planeta: 70% de água. Da água do mundo, apenas 2,5% são potáveis. Dessa parcela, 69% estão congelados nos polos da Terra, e 30% que se acham sob o solo (aquíferos) são ainda inacessíveis à atual tecnologia. O resto –140 mil quilômetros cúbicos– encontra-se em lagos, rios etc. Um estadunidense consome 50 vezes mais água que um indiano. E 500 vezes mais energia. Assim como já se iniciou a guerra fria por alimentos, com o uso de poderosos mísseis como os transgênicos, em breve teremos a guerra pela água. Prevê-se que, em 2025, 1,8 bilhão de pessoas padecerão de escassez de água. A carência de água deve-se, sobretudo, às mudanças climáticas. Devido ao consumismo, países desenvolvidos e emergentes –cerca de 20 ao todo- emitem 50 vezes mais gases estufa que países pobres. O uso excessivo de agrotóxicos provoca a erosão do solo e o desmatamento prolonga os períodos de estiagem, estimulando movimentos migratórios e acentuando a pobreza. O planeta ganha, a cada ano, 80 milhões de pessoas, apesar da queda na taxa de fertilidade. Para o neoliberalismo, 80 milhões de consumistas (não confundir com consumidores) em potencial. Entre 1960 e 2007 a fabricação de novos artefatos tecnológicos –cada vez mais descartáveis– quadruplicou a produção de cobre e chumbo, e aumentou em 77 vezes a exploração de minerais associados à alta tecnologia, como tântalo e nióbio. A Rio+20, tanto na reunião dos chefes de Estado quanto na Cúpula dos Povos, deveria ter debatido como o consumismo desenfreado e a desigualdade de renda entre os povos afetam o equilíbrio ambiental. Considerar poluição e pobreza como fatores divorciados é adotar uma postura míope, equivocada, frente à degradação da Terra e a ameaça de escassez de seus recursos naturais. * Frei Betto é escritor, autor de Alfabetto – autobiografia escolar (Ática), entre outros – http://www.freibetto.org – twitter:@freibetto. ** Publicado originalmente no site Adital.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Reflexões sobre o educar para sociedades sustentáveis por Edson Grandisoli*
As mudanças propostas pela ONU nas últimas décadas podem ser consideradas verdadeiras revoluções no modo de pensar e agir da sociedade, e não é à toa que muitas delas, apesar de hoje serem consideradas urgentes, demorarão a se concretizar. Em todos os documentos oficiais – em especial a partir do final da década de 1960 –, a educação tem recebido papel de destaque, como uma das principais forças de transformação rumo à construção da chamada “sociedade sustentável”. Apesar disso, as mudanças nessa área têm sido poucas, tímidas e insuficientes. Da mesma forma que criar modelos alternativos de economia tem sido um dos grandes desafios na busca por um mundo melhor e mais equitativo, a concepção e instalação de novos modelos de educação parecem possuir o mesmo nível de complexidade. Apesar de lentas, a educação tem passado por mudanças significativas de escopo e metodologias, partindo de uma visão elitista e utilitarista – em especial nos Séculos 17 e 18 – para uma contemporânea mais abrangente, na qual o acesso universal à educação visa a garantir a redução das desigualdades, o desenvolvimento sustentável, a paz e a democracia; proposta conhecida como “educação para todos (EPT)”(1). As metas da Unesco nesse documento são vitais e, apesar de o Brasil já possuir a esmagadora maioria dos jovens matriculados no Ensino Fundamental I e II, não houve o mesmo progresso com relação à qualidade do ensino. A qualidade não acompanhou a quantidade. Sendo assim, hoje temos nossos jovens na escola recebendo um ensino deficitário, o que é comprovado todos os anos pelos principais índices oficiais. O Relatório de Monitoramento de Educação para Todos de 2010(2), mostra que o índice de repetência no Ensino Fundamental brasileiro (18,7%) é o mais elevado na América Latina e fica muito acima da média mundial (2,9%). Além disso, 13,8% dos brasileiros largam os estudos já no primeiro ano no ensino básico. Em um curso que recentemente tive o privilégio de participar na UMAPAZ, Angélica Berenice de Almeida, uma das professoras e organizadoras, afirmou que “todos temos a tendência de repetir os modelos com os quais fomos educados”. Considerando que a maioria das pessoas tem recebido uma formação de baixíssima qualidade, que futuros educadores podemos esperar para formar nossos filhos e netos em direção a uma sociedade mais sustentável? Novos olhares Tenho tido contato nos últimos anos com diferentes professores de diferentes disciplinas, em especial em São Paulo e na Amazônia mato-grossense. As queixas sobre nosso sistema de ensino atual são recorrentes e têm geralmente relação com a estrutura da escola, salários, e grau de interesse dos alunos, que reflete claramente a desconexão entre a escola e o mundo real. Tais queixas, entretanto, raramente geram mobilização ou ação e a consequência disto é a perpetuação de um sistema ineficiente, desumano e impessoal. Para além dos problemas estruturais e financeiros, é urgente a necessidade de se repensar o currículo do ensino básico, criando-se estratégias efetivas de ensino e preparando nossos educadores para que trabalhem de forma integrada e articulada, valorizando a complexidade encontrada no mundo real. A nova versão do zero draft para a Rio+20 (The future we want)(3) destaca em um de seus artigos (101), relacionado à educação, exatamente isso: We agree to promote education for sustainable development beyond the end of the United Nations Decade of Education for Sustainable Development in 2014, to educate a new generation of students in the values, key disciplines and holistic, cross-disciplinary approaches essential to promoting sustainable development. Vale lembrar que essas mudanças (que não são poucas ou simples) dependem tanto de vontade política quanto da vontade dos professores e da comunidade onde vivem. Apesar de todas as incertezas e resistências, sou otimista, e acredito que estamos, sim, passando por um período de reavaliação rumo às mudanças necessárias na educação para sociedades sustentáveis. Poder viver e participar ativamente desse momento de reflexão e reconstrução é um privilégio e um dever de todos nós. Um dos bons exemplos disso é a forma democrática e dialógica com que as decisões para o novo Plano Decenal de Educação do Estado de Minhas Gerais (PDEEMG)(4) têm sido tomadas. Aconselho a leitura da apresentação. Educar para decidir melhor No dia 14 de abril, durante o lançamento de um livro sobre educação e comunicação na escola, ouvi Gilberto Dimenstein afirmar que “uma coisa que todos fazemos durante toda a vida é tomar decisões”. Decisões (conscientes), grosso modo, são tomadas pela mobilização de diferentes habilidades (como observação, comparação, análise, dedução, etc.) em conjunto com a seleção de diferentes informações e experiências. Acredito que a escola seja o primeiro e um dos principais ambientes formais onde tais processos deveriam ser desenvolvidos e aprimorados para a vida. Como será que a escola tem contribuído para que as pessoas tomem decisões melhores, mais conscientes e pautadas no bem-estar comum e do planeta, característica vital em uma sociedade sustentável? Para essa reflexão em específico, sugiro a leitura do livro Nudge: o empurrão para a escolha certa(5), que coloca um contraponto interessante ao poder da educação. Para finalizar, gostaria de compartilhar uma frase, que ouvi recentemente no I Fórum de Educação para a Sustentabilidade, dita pelo professor Ladislaw Dowbor, que na minha opinião resume de forma primorosa o papel contemporâneo da educação: “A educação deve ser uma forma de introdução ao mundo em constante transformação”. Notas (1) http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf. (2) http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001899/189923por.pdf. (3) http://rebal21.ning.com/profiles/blogs/nova-versao-do-documento-zero-draft-para-a-rio-20. (4)http://www.almg.gov.br/opencms/export/sites/default/acompanhe/eventos/hotsites/planoEducacao/docs/joao_filocre.ppt. (5) Thaler, R. H. & Sunstein, C. R. Nudge: o empurrão para a escolha certa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. * Retirado do site http://envolverde.com.br/educacao/artigo-educacao/reflexoes-sobre-o-educar-para-sociedades-sustentaveis/ em 09 de maio de 2012. ** Edson Grandisoli é pós-graduado em Ecologia pela Universidade de São Paulo, coordenador pedagógico da Escola da Amazônia e consultor em Educação para a Sustentabilidade. *** Publicado originalmente no site Portal Aprendiz. (Portal Aprendiz)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012


MOVIECO LANÇA VÍDEO SOBRE “CARTA DA TERRA”

Movieco lança vídeo sobre “A Carta da Terra”, dirigido por Aggnes Franco e produzido pela Forster Filmes. A animação em 2D foi tem cerca de 4 minutos, e foi desenvolvida especialmente para o Movieco, a fim de difundir os conceitos do documento redigido por diversos países, propondo alternativas para a construção de um mundo melhor.

Desde 2010 a ONG trabalha neste projeto, que foi executado em parceria com a Prefeitura Municipal de Barueri. Foram meses de pesquisas e testes até a finalização.

A execução do vídeo foi processo bastante delicado. Foi preciso uma força tarefa, e a colaboração de muitas pessoas até que o resultado alcançado fizesse jus ao conteúdo.

O PROCESSO

Para a realização do intento, o Movieco precisava de uma produtora que pudesse executar o projeto dentro das possibilidades da ONG. Quando encontrou a produtora, começaram a trabalhar no roteiro, naturalmente depois de muita pesquisa. A partir daí foram desenvolvidas as personagens, o conceito de desenho, a montagem e assim por diante. Inúmeros testes foram feitos, diversos tipos de traços testados, variadas trilhas sonoras, bem como muitos locutores. Apesar de ser produzido pela Forster Filmes, o Movieco esteve acompanhando cada passo do trabalho. A primeira animação não atendia ao conceito proposto, por isso o Movieco e a Forster procuraram um novo desenhista e animador. Foi quando Giancarlo Burani apresentou sua proposta de desenho, que era perfeita para os propósitos de ambos. Com profissionalismo e dedicação, Gian abraçou a causa e fez a diferença no filme!

EXIBIÇÃO

O Movieco, como detentor do direito de imagens da animação “A carta da Terra”, tem a intenção de disponibilizar o vídeo para qualquer escola, instituição ou indivíduo que pretenda exibir para quem quer que seja, desde que de forma gratuita. O Movieco encomendou o vídeo com a intenção de difundir propostas da Carta da Terra, como o respeito ao próximo, direito a educação, respeito ao meio ambiente, fim à discriminação de cor, raça ou credo, entre outros.

FICHA TÉCNICA:

“A Carta da Terra”

Desenho animado – 2D

Duração: 4’02’’

Direção, Roteiro, Produção: Aggnes Franco

Ilustrações e animação: Giancarlo Burani

Colorista: Carolina Ihits

Locução: Mel Xisto

Trilha sonora: Junior Forster

Consultoria: Flávio Boleiz e Tania Mara Moraes

Produção: Forster Filmes

Acesse:

http://www.movieco.org.br/canal/3/carta_da_terra

sábado, 15 de outubro de 2011

MOVIECO lança jornal ECONOTÍCIAS


O Movieco lança a primeira edição de seu jornal. o EcoNoticias será mais um canal de interlocução com todos os seguimentos da sociedade preocupados com os desafios ambientais deste século.

Ele pode ser baixado no link: http://movieco.org.br/downloads/EcoNoticias.pdf

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CURSO "CARTA DA TERRA"

O Movieco - Movimento Ecológico, Organização Não Governamental situada na cidade de Barueri, oferece o curso "CARTA DA TERRA E EDUCAÇÃO".

O curso visa a introduzir os educadores no Marco Ético para a transformação do século XXI num tempo equilibrado em termos justiça social e econômica, integridade ecológica, democracia e cultura da paz; de modo que se aprenda a trabalhar os princípios da Carta da Terra com educandos da Educação Infantil à Pós-graduação.

O curso realizar-se-á nos dias 03, 10, 17, 24 e 31 de outubro - sempre nas 2as.-feiras, das 19 às 22h30, na sede do Movieco, à Rua Dr. Danton Vampret, 128 - Aldeia de Barueri - Barueri - SP.

O investimento para participação do curso será de R$ 100,00 (cem reais) à vista ou duas parcelas (cheques) de R$ 60,00 (sessenta reais, cada) e será emitido certificado de participação.*

*A realização do curso estará sujeita à formação de turma com, no mínimo, 20 participantes.

Inscreva-se enviando um e-mail com seu nome completo, idade, endereço completo (com cep), telefone fixo e celular para movieco.cursos@gmail.com.

NOVO ENDEREÇO

O MOVIECO está em novo endereço. Anote:

Rua Dr. Danton Vampret, 128
Aldeia de Barueri - Barueri - SP

Venha conhecer nossa nova sede!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Reflexões sobre os paradoxos


Já foi dito isso, mas temos que concordar: vivemos o tempo do paradoxo.
Ter carro contribui para a poluição, mas usar transporte coletivo é quase um martírio.
Comidas orgânicas são saudáveis, mas agridem o bolso.
A internet nos aproxima, mas nos deixa mais distante. Foi-se o tempo em que seu telefone tocava o dia todo no seu aniversário.
As pessoas têm acesso a mais informações, mas com a ótica do capitalismo. E além disso, estudos apontam que a maioria se interessa ou não pela informação nos 6 primeiros segundos. Superficial demais.
Muita gente preocupa-se com causas sociais, ambientais, mas parece que as famílias estão se distanciando e o diálogo se tornando raro.
Empresários honestos são considerados tolos, imaturos ou até incompetentes.
Tomar decisões está deixando as pessoas doentes. Trabalhar em excesso também.
Olhando para este cenário, parece que estamos em um beco sem saída, mas não. A solução é na realidade MUITO mais simples do que pode parecer: precisamos compreender que somos parte de um todo. Ok, ok! Mais uma frase clichê. Mas de que outro modo podemos dizer? Se você vive em uma casa de zinco, seu corpo sentirá o calor. Do mesmo modo, se vivemos em um planeta desequilibrado, todos os seres viventes sentirão. Os animais selvagens vêm demonstrando alteração de comportamento já há décadas, embora intensificado nos últimos 10 anos. Porque somente nós não sofreríamos do mesmo mal? A diferença entre eles e nós neste ponto é que eles perdem a rota de caminho para acasalamento, e nós perdemos a rota de nossas vidas.
Precisamos passar mais tempo olhando para nós mesmos, porém de forma altruísta. Reconhecer nossas dificuldades e trabalhar pacientemente cada uma delas, entender nosso corpo e analisar as reações dele, dedicar mais tempo aos nossos amores e atividades que nos dão prazer, e contribuir para a harmonia do planeta depois de conquistar nossa própria.
Dinheiro é importante. Quem não tem compreende isso ainda melhor. Mas não pode ser tudo. Trabalho - por mais prazeroso que seja - não pode ser a única razão de nossas existências. O mercado é competitivo porque nós o fizemos assim. Os carros são poluentes e o transporte público é ineficiente porque nós permitimos. Nós somos responsáveis por nosso destino. Como diria uma frase indiana muito utilizada por nossos colegas do Instituto Triângulo: "A mudança que você quer fora começa dentro".
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Tenham um ótimo e reflexivo final de semana.