O MOVIECO – Movimento Ecológico é uma organização não governamental ambientalista que tem sua sede em Barueri, município da região metropolitana do estado São Paulo. Fundado em 1998 e com atuação regional tornou-se uma das entidades ambientalistas pioneiras na luta pela defesa da natureza e busca de uma sociedade sustentável.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
A visão social está chegando!
É sempre importante lembrar que é hora de começar a praticar a visão holística sobre a sustentabilidade. A preocupação com a questão social será sempre uma dinâmica diferente do meio em que se está, e se existe o conhecimento de um meio é porque pessoas habitam nele!
Questão ambiental e social
por Frei Betto*
A questão ambiental é também uma questão social. A conclusão é da Royal Society, a mais conceituada academia científica do Reino Unido.
Em dois anos de pesquisas ela constatou que não basta falar em preservação ambiental, energias renováveis e desaquecimento global, sem tocar no tendão de Aquiles apontado pelo velho Marx no século 19: a desigualdade social.
Os países ricos e emergentes consomem excessivamente bens naturais, como água e energia. E o fazem através de processos extrativos que não levam em conta danos ambientais e efeitos sobre a população local, como é o caso da construção da usina de Belo Monte, no Brasil, ou o uso de energia nuclear mundo afora.
Aprendemos na escola que o nosso corpo reflete a composição do planeta: 70% de água. Da água do mundo, apenas 2,5% são potáveis. Dessa parcela, 69% estão congelados nos polos da Terra, e 30% que se acham sob o solo (aquíferos) são ainda inacessíveis à atual tecnologia. O resto –140 mil quilômetros cúbicos– encontra-se em lagos, rios etc.
Um estadunidense consome 50 vezes mais água que um indiano. E 500 vezes mais energia. Assim como já se iniciou a guerra fria por alimentos, com o uso de poderosos mísseis como os transgênicos, em breve teremos a guerra pela água. Prevê-se que, em 2025, 1,8 bilhão de pessoas padecerão de escassez de água.
A carência de água deve-se, sobretudo, às mudanças climáticas. Devido ao consumismo, países desenvolvidos e emergentes –cerca de 20 ao todo- emitem 50 vezes mais gases estufa que países pobres. O uso excessivo de agrotóxicos provoca a erosão do solo e o desmatamento prolonga os períodos de estiagem, estimulando movimentos migratórios e acentuando a pobreza.
O planeta ganha, a cada ano, 80 milhões de pessoas, apesar da queda na taxa de fertilidade. Para o neoliberalismo, 80 milhões de consumistas (não confundir com consumidores) em potencial.
Entre 1960 e 2007 a fabricação de novos artefatos tecnológicos –cada vez mais descartáveis– quadruplicou a produção de cobre e chumbo, e aumentou em 77 vezes a exploração de minerais associados à alta tecnologia, como tântalo e nióbio.
A Rio+20, tanto na reunião dos chefes de Estado quanto na Cúpula dos Povos, deveria ter debatido como o consumismo desenfreado e a desigualdade de renda entre os povos afetam o equilíbrio ambiental. Considerar poluição e pobreza como fatores divorciados é adotar uma postura míope, equivocada, frente à degradação da Terra e a ameaça de escassez de seus recursos naturais.
* Frei Betto é escritor, autor de Alfabetto – autobiografia escolar (Ática), entre outros – http://www.freibetto.org – twitter:@freibetto.
** Publicado originalmente no site Adital.
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Reflexões sobre o educar para sociedades sustentáveis
por Edson Grandisoli*
As mudanças propostas pela ONU nas últimas décadas podem ser consideradas verdadeiras revoluções no modo de pensar e agir da sociedade, e não é à toa que muitas delas, apesar de hoje serem consideradas urgentes, demorarão a se concretizar.
Em todos os documentos oficiais – em especial a partir do final da década de 1960 –, a educação tem recebido papel de destaque, como uma das principais forças de transformação rumo à construção da chamada “sociedade sustentável”. Apesar disso, as mudanças nessa área têm sido poucas, tímidas e insuficientes.
Da mesma forma que criar modelos alternativos de economia tem sido um dos grandes desafios na busca por um mundo melhor e mais equitativo, a concepção e instalação de novos modelos de educação parecem possuir o mesmo nível de complexidade.
Apesar de lentas, a educação tem passado por mudanças significativas de escopo e metodologias, partindo de uma visão elitista e utilitarista – em especial nos Séculos 17 e 18 – para uma contemporânea mais abrangente, na qual o acesso universal à educação visa a garantir a redução das desigualdades, o desenvolvimento sustentável, a paz e a democracia; proposta conhecida como “educação para todos (EPT)”(1).
As metas da Unesco nesse documento são vitais e, apesar de o Brasil já possuir a esmagadora maioria dos jovens matriculados no Ensino Fundamental I e II, não houve o mesmo progresso com relação à qualidade do ensino. A qualidade não acompanhou a quantidade. Sendo assim, hoje temos nossos jovens na escola recebendo um ensino deficitário, o que é comprovado todos os anos pelos principais índices oficiais.
O Relatório de Monitoramento de Educação para Todos de 2010(2), mostra que o índice de repetência no Ensino Fundamental brasileiro (18,7%) é o mais elevado na América Latina e fica muito acima da média mundial (2,9%). Além disso, 13,8% dos brasileiros largam os estudos já no primeiro ano no ensino básico.
Em um curso que recentemente tive o privilégio de participar na UMAPAZ, Angélica Berenice de Almeida, uma das professoras e organizadoras, afirmou que “todos temos a tendência de repetir os modelos com os quais fomos educados”. Considerando que a maioria das pessoas tem recebido uma formação de baixíssima qualidade, que futuros educadores podemos esperar para formar nossos filhos e netos em direção a uma sociedade mais sustentável?
Novos olhares
Tenho tido contato nos últimos anos com diferentes professores de diferentes disciplinas, em especial em São Paulo e na Amazônia mato-grossense. As queixas sobre nosso sistema de ensino atual são recorrentes e têm geralmente relação com a estrutura da escola, salários, e grau de interesse dos alunos, que reflete claramente a desconexão entre a escola e o mundo real. Tais queixas, entretanto, raramente geram mobilização ou ação e a consequência disto é a perpetuação de um sistema ineficiente, desumano e impessoal.
Para além dos problemas estruturais e financeiros, é urgente a necessidade de se repensar o currículo do ensino básico, criando-se estratégias efetivas de ensino e preparando nossos educadores para que trabalhem de forma integrada e articulada, valorizando a complexidade encontrada no mundo real.
A nova versão do zero draft para a Rio+20 (The future we want)(3) destaca em um de seus artigos (101), relacionado à educação, exatamente isso:
We agree to promote education for sustainable development beyond the end of the United Nations Decade of Education for Sustainable Development in 2014, to educate a new generation of students in the values, key disciplines and holistic, cross-disciplinary approaches essential to promoting sustainable development.
Vale lembrar que essas mudanças (que não são poucas ou simples) dependem tanto de vontade política quanto da vontade dos professores e da comunidade onde vivem.
Apesar de todas as incertezas e resistências, sou otimista, e acredito que estamos, sim, passando por um período de reavaliação rumo às mudanças necessárias na educação para sociedades sustentáveis. Poder viver e participar ativamente desse momento de reflexão e reconstrução é um privilégio e um dever de todos nós. Um dos bons exemplos disso é a forma democrática e dialógica com que as decisões para o novo Plano Decenal de Educação do Estado de Minhas Gerais (PDEEMG)(4) têm sido tomadas. Aconselho a leitura da apresentação.
Educar para decidir melhor
No dia 14 de abril, durante o lançamento de um livro sobre educação e comunicação na escola, ouvi Gilberto Dimenstein afirmar que “uma coisa que todos fazemos durante toda a vida é tomar decisões”.
Decisões (conscientes), grosso modo, são tomadas pela mobilização de diferentes habilidades (como observação, comparação, análise, dedução, etc.) em conjunto com a seleção de diferentes informações e experiências. Acredito que a escola seja o primeiro e um dos principais ambientes formais onde tais processos deveriam ser desenvolvidos e aprimorados para a vida.
Como será que a escola tem contribuído para que as pessoas tomem decisões melhores, mais conscientes e pautadas no bem-estar comum e do planeta, característica vital em uma sociedade sustentável?
Para essa reflexão em específico, sugiro a leitura do livro Nudge: o empurrão para a escolha certa(5), que coloca um contraponto interessante ao poder da educação.
Para finalizar, gostaria de compartilhar uma frase, que ouvi recentemente no I Fórum de Educação para a Sustentabilidade, dita pelo professor Ladislaw Dowbor, que na minha opinião resume de forma primorosa o papel contemporâneo da educação: “A educação deve ser uma forma de introdução ao mundo em constante transformação”.
Notas
(1) http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf.
(2) http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001899/189923por.pdf.
(3) http://rebal21.ning.com/profiles/blogs/nova-versao-do-documento-zero-draft-para-a-rio-20.
(4)http://www.almg.gov.br/opencms/export/sites/default/acompanhe/eventos/hotsites/planoEducacao/docs/joao_filocre.ppt.
(5) Thaler, R. H. & Sunstein, C. R. Nudge: o empurrão para a escolha certa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
* Retirado do site http://envolverde.com.br/educacao/artigo-educacao/reflexoes-sobre-o-educar-para-sociedades-sustentaveis/ em 09 de maio de 2012.
** Edson Grandisoli é pós-graduado em Ecologia pela Universidade de São Paulo, coordenador pedagógico da Escola da Amazônia e consultor em Educação para a Sustentabilidade.
*** Publicado originalmente no site Portal Aprendiz.
(Portal Aprendiz)
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
MOVIECO LANÇA VÍDEO SOBRE “CARTA DA TERRA”
Movieco lança vídeo sobre “A Carta da Terra”, dirigido por Aggnes Franco e produzido pela Forster Filmes. A animação em 2D foi tem cerca de 4 minutos, e foi desenvolvida especialmente para o Movieco, a fim de difundir os conceitos do documento redigido por diversos países, propondo alternativas para a construção de um mundo melhor.
Desde 2010 a ONG trabalha neste projeto, que foi executado em parceria com a Prefeitura Municipal de Barueri. Foram meses de pesquisas e testes até a finalização.
A execução do vídeo foi processo bastante delicado. Foi preciso uma força tarefa, e a colaboração de muitas pessoas até que o resultado alcançado fizesse jus ao conteúdo.
O PROCESSO
Para a realização do intento, o Movieco precisava de uma produtora que pudesse executar o projeto dentro das possibilidades da ONG. Quando encontrou a produtora, começaram a trabalhar no roteiro, naturalmente depois de muita pesquisa. A partir daí foram desenvolvidas as personagens, o conceito de desenho, a montagem e assim por diante. Inúmeros testes foram feitos, diversos tipos de traços testados, variadas trilhas sonoras, bem como muitos locutores. Apesar de ser produzido pela Forster Filmes, o Movieco esteve acompanhando cada passo do trabalho. A primeira animação não atendia ao conceito proposto, por isso o Movieco e a Forster procuraram um novo desenhista e animador. Foi quando Giancarlo Burani apresentou sua proposta de desenho, que era perfeita para os propósitos de ambos. Com profissionalismo e dedicação, Gian abraçou a causa e fez a diferença no filme!
EXIBIÇÃO
O Movieco, como detentor do direito de imagens da animação “A carta da Terra”, tem a intenção de disponibilizar o vídeo para qualquer escola, instituição ou indivíduo que pretenda exibir para quem quer que seja, desde que de forma gratuita. O Movieco encomendou o vídeo com a intenção de difundir propostas da Carta da Terra, como o respeito ao próximo, direito a educação, respeito ao meio ambiente, fim à discriminação de cor, raça ou credo, entre outros.
FICHA TÉCNICA:
“A Carta da Terra”
Desenho animado – 2D
Duração: 4’02’’
Direção, Roteiro, Produção: Aggnes Franco
Ilustrações e animação: Giancarlo Burani
Colorista: Carolina Ihits
Locução: Mel Xisto
Trilha sonora: Junior Forster
Consultoria: Flávio Boleiz e Tania Mara Moraes
Produção: Forster Filmes
Acesse:
http://www.movieco.org.br/canal/3/carta_da_terra
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